30.5.05

As Tangerinas e o Cinema Nacional



Hoje eu estava pensando em escrever sobre um filme que vi recentemente: “Contra Todos”. Discursaria aqui sobre a minha relação com o cinema nacional. Mas ando tão decepcionada com tamanha falta de criatividade cinematográfica e tamanho gosto pela desgraça que resolvi falar de um assunto mais digamos assim, simples e “A Favor de Todos”: tangerinas. Também um produto tipicamente nacional, afinal de contas. E um dos motivos que me fazem a-m-a-r esta época do ano (outono-inverno ou simplesmente seca).

Convenhamos: nos finais de semana de outono - inverno nada melhor que curtir o friozinho com uma caneca de chocolate, pipoca, cobertor, ficar em casa vendo filmes (ah, os bons filmes!), usar cachecóis de lã à noite na beira da fogueira e durante o dia curtir um pomar repleto de tangerinas (ou mexericas, para os íntimos).

O nome mexerica vem do verbo mexericar, que por sua vez vem de mexer. Sabem por quê? Porque fica difícil esconder que a gente comeu mexerica. Mexericar vem de denunciar que alguém está comendo alguma tangerina por aí, por causa do cheiro maravilhoso que ela exala no ar.

As tangerinas são frutas simpáticas e deliciosas. Representam fertilidade e abundância. Já reparou? Quando comemos uma tangerina sempre queremos dividi-la com alguém, repartindo seus gomos alaranjados em forma de sorrisos, cada qual portando em si sementes que geram novas frutas, desejando ao outro, ainda que inconscientemente, nutrição, renovação da vida, energia solar, criatividade, saúde, amizade, prosperidade e abundância.

São frutas belas, além de inspiradoras e vitaminadas. Todas as variedades apresentam um bom teor de Vitamina C e Vitaminas do Complexo B, além de Beta caroteno (provitamina A) e Fibras. Engraçado como nós, brasileiros chiquérrimos, preferimos saborear na época do frio receitas cheias de nozes, amêndoas, damascos, avelãs importadas e esquecemos a importância fundamental de nossas frutas da estação.

A tangerina ajuda no tratamento de gripes e resfriados, muito comuns nessa época do ano, hipertensão arterial e prisões de ventre. Por ser rica em potássio, é também indicada àqueles que praticam atividades físicas regulares. 100 gramas de tangerina fornecem, em média, 43 calorias, apenas.

Portanto, que esta safra seja muito inspiradora para todos nós. Ao contrário do que nos tem sido a safra do cinema, outro produto nacional que parece querer nos enfiar na cabeça o tempo todo a maldita idéia do quanto somos insensatos, corruptos, promíscuos, violentos, desdentados, idiotas e cheiradores de pó, apesar dessa comparação parecer um tanto quanto nonsense à primeira vista.

Sou mais o Darth Vader e as mexericas do irmão Cláudio.

25.5.05

Escuta, Zé Ninguém

Comecei recentemente um trabalho de core energética (psicoterapia corporal) muito interessante que me motivou a ler alguns escritos de John e Eva Pierrakos, Alexander Lowen e Wilhelm Reich, por uma curiosidade fissurante no assunto que me deu de repente. Após uma pesquisa na internet, comecei a ler o livro "Escuta, Zé Ninguém", de Reich.


Reich no Orgone Institute, New York.

Reich foi o pai da psicoterapia corporal. Nasceu em 24 de março de 1897, na Galícia. Foi uma figura muito à frente de seu tempo, personificando um exemplo de inspiração para todos nós que estamos hoje comprometidos com nossa própria evolução nos planos físico, emocional, mental e espiritual. Médico e estudioso dos efeitos das emoções e seus bloqueios sobre o corpo físico, questionou toda a Teoria da Psicanálise, foi expulso do círculo de estudos psicanalíticos de Viena, expulso do partido comunista, considerado louco e preso diversas vezes por suas idéias revolucionárias que apontavam a repressão da consciência, da auto-expressão e o controle social da sexualidade como "pestes emocionais da humanidade". Reich morreu estigmatizado, preso e doente em uma penitenciária da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Escreveu dentre outras obras o livro "Escuta, Zé Ninguém" como um desabafo que guardou em seus arquivos (só sendo editado anos depois de sua morte) e como forma de protesto silencioso às entidades governamentais de "saúde pública" norte-americanas que atacaram seu trabalho de estudo e investigação "ameaçadoras" em seu Orgone Institute, em 1947.

Escuta, Zé Ninguém é um livro surpreendente. Impossível ficar imune à tomada de consciência que ele nos propõe. Uma das leituras que ficam para marcar minha juventude e minhas descobertas acerca do mundo e de mim mesma. Recomendo a você, jovem, artista, zen, punk, hippie, gótico, revolucionário, meigo, homem comum, religioso, político, anarquista, quieto, na sua, amigo, inimigo, ousado, enfim, recomendo a você, homem ou mulher comum, zé ninguéns como eu, como a genialidade louca de Wilhelm Reich.

Para colar esta obra no seu Word ou fazer o download da mesma em pdf, clique
aqui. São apenas 68 páginas. Dá pra ler aí sentado na frente do computador, Zé Ninguém. Leia isto, Zé ninguém. Por Deus, Tutatis, Jesus Cristo e Orgone. Mas sobretudo, leia por você mesmo e tire suas próprias conclusões a respeito da vida e suas heranças.

Escuta, Zé Ninguém! Tá aí uma boa leitura para o Corpus Christi. =]