25.4.07

Setembro

Quero pintar o canto das cigarras
Numa tela branca, relembrando a paz.
Ver com os ouvidos o que não tem garras
A palavra dita que no eterno jaz

E morreria, relegando às falas
O ouvir com os olhos que o silêncio faz
Asas de fogo, meu cinzel de brasas
Esculpindo o sonho em corações sem mais

Corpo pulsante, e entrega os tempos idos
Confiança cega no braile da rua
Amando a sombra dos teus pés perdidos
Transformar-me em asas e cantar pra Lua

Ser grata à vida e a vida à luz que inspira
Deixar que flua amor e liberdade
Primavera e canto como troco à ira
Ser flora e orquestra na tua cidade.

Regi

Poeminha sentimental

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta (Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

(Mário Quintana)