26.6.07

Raízes e asas

A menina frágil sorri
Um sorriso que atravessa
a moldura do porta-retrato, de orelha a orelha
E alcança o sol, o céu, as estrelas
num clichê sem culpas.
Mal sente os pés
Menina dos pés apertados nas meias brancas
Sandálias negras de saltos finos
Sandalinhas de furar o chão
como ponta de facão no sangue da terra
(lembrança de avós vividos na roça quente dos buritis)
A menina do retrato sorri para a mulher
que olha foto e chora, agora.
Chora a inocência perdida das crianças
que vão embora de dentro da gente
quando a mente
mente
E o coração fica batendo sem porquê.

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