15.12.05

23.11.05

Core Energetics

"O amor se move em forma de espiral".
(John Pierrakos)

7.11.05

Para quem odeia gatos



Ode ao Gato
(Artur da Távola)

Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso.

Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece.

O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis.

Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor?

Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso.

"Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.

O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer.

Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige.

Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso , quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.

O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que ele não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.

O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber.

O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!

Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo ( quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo.

O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, o qual ama e preserva como a um templo.

Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.

Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.

O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem.

15.10.05

Dos Cristais a Cristo


Fotografias de cristais de água - Masaru Emoto.

Sensibilizada com alguns trabalhos de consciência, filmes e leituras, bem como por constantes ameaças e ocorrências de tragédias ecológicas nos notíciários e no dia-a-dia, resolvi publicar o maravilhoso texto abaixo, de Masaru Emoto.

Leia o texto a seguir para compreender melhor as fotografias acima. E para, quem sabe, refletir um pouco sobre sua própria vida.
E boa leitura, porque depois dessa eu não vou voltar aqui tão cedo. :)

E=mc2

Uma mensagem para todos os amigos da água no mundo
Masaru Emoto

Masaru Emoto é um cientista japonês que dedica sua vida ao estudo da água, cujo trabalho de pesquisa já resultou na fotografia dos aspectos emocionais/energéticos na composição estrutural de cristais aquáticos, tal qual podemos ver no polêmico filme “What the bleep do we know?”, megasucesso de bilheteria nos EUA, que será lançado no Brasil dia 18 de novembro, pela Playarte, com o título "Quem Somos Nós?".
O que eu consegui traduzir deste texto tirado do website de Emoto, passo agora para vocês, em trechos.
Meus pensamentos a respeito do furacão Katrina: temos que aprender mais sobre a água.
Neste dia 4 de setembro de 2005 (tempo japonês), quando estou escrevendo esta mensagem, os resultados do furacão Katrina estão piorando cada vez mais e dizem que ainda haverá mais de 10.000 pessoas mortas pelo furacão. Estou pensando muito e rezando muito por todos os que estão sendo sacrificados e afetados por essa tragédia. Também pelas pessoas que estão agora sofrendo essa situação lutando contra o medo da morte. Quero mandá-los os melhores desejos do Japão e dizê-los: Agüentem-se um pouquinho mais porque logo salvarão vocês todos. Todos vocês são Americanos.
(...)

No jornal japonês “Yomuri Shinbun” (um periódico diário que tem uma circulação de mais de 10 milhões e exemplares e é o maior do mundo), o artigo seguinte foi publicado em 30 de dezembro de 2004:
Esta foto da tragédia que atacou a costa do Sri Lanka foi tirada quando o Tsunami atingiu a costa litorânea. Para minha surpresa, quando se olha com atenção, se pode ver uma figura semelhante à de um dragão por entre as ondas.



O título do artigo era “O Alvoroço do Deus Dragão”. No Japão, os dragões são tidos como deuses da água há muito tempo. Os dizeres deste anúncio estão expressando que a ironia da tragédia que atacou a Indonésia no dia 26 de dezembro foi resultado do deus da água.

Sem dúvida, como pesquisador da água, senti que esta expressão foi justificada totalmente. O que quiseram dizer é que a água é essencial para o sustento da vida. Mas até quando continuaremos sendo tão ignorantes a seu respeito? Eu não creio que seja um exagero afirmar que as pessoas são totalmente ignorantes a respeito da água.
Em se tratando de seres humanos, todos nós somos compostos quase inteiramente de água. Quando somos simplesmente pequenos óvulos fertilizados, somos 96% de água. O conteúdo da água dos recém-nascidos é de 80% e nos adultos é de 70%. Enfim, se pode dizer que fisicamente todos nós somos compostos quase inteiramente de água.
Apesar disso, todavia, não sabemos quase nada a respeito da água; por isso é possível dizer que não entendemos quem realmente nós somos.
O dragão, deus das águas, devia provavelmente nos dizer: “- Vocês, humanos, até quando deixarão de compreender e dar a devida importância à água, sua mãe de nascimento? Ao contrário, o que vocês fazem é não somente fazer uso da água, mas vocês a contaminam. Estou enojado.”
Adianta-nos dizer que, tecnologicamente falando, alcançamos o máximo de desenvolvimento se não compreendemos a essência da água? A resposta é claramente NÃO.
Devido ao aumento constante do aquecimento das calotas polares no planeta, a água está devorando não apenas ilhas inabitáveis como também ilhas onde residem pessoas. O que posso teorizar é que a Terra agora está atuando como uma esponja e já não mais pode absorver água o suficiente para evitar o dilúvio e outros desastres relacionados à água. Preocupo-me seriamente que uma parte deste planeta realmente esteja condenada a ser consumida pela água e desaparecer, como no caso de Atlantis.
Há um ditado popular japonês que diz: “A água é o reflexo de seu coração e sua alma”. Nos últimos 11 anos estive tirando fotografias incontáveis, e a técnica que eu utilizava para tirar essas fotografias foi desenvolvida em uma pequena empresa privada, num ambiente onde eu não tinha equipamentos científicos o suficiente. Por isso, no princípio, havia o desafio de criar um espaço para poder tirar as fotos cristalizadas. Sem apoio científico, esta situação conduziu os investigadores a tentar entender a importância do estado emocional e do ambiente circundante do fotógrafo quando se tiram as fotos cristalizadas. Isto significa que o ditado que introduz o parágrafo é uma verdade.
Por exemplo, a beleza dos cristais de água é sumamente diferente quando estes são fotografados por alguém que está em paz e por outra pessoa que não está. Se quando a sensação de amor e gratidão é enviada à água, a formação cristalizada fica em seu estado melhor. Por outro lado, cristais feios e assimétricos se formam quando a informação de “você me enoja, eu vou te matar” é enviada à água.

Estou absolutamente seguro de que, com meus anos de intensa investigação, a energia harmoniosa cria cristais formando graciosas formas hexagonais, o que não acontece no caso das energias negativas.
“A água é o reflexo de seu coração e sua alma”. Com esta afirmação se sente que os humanos estão se perguntando sobre suas maneiras de viver. A gente moderna está vivendo sua vida plena de harmonia e gratidão? A resposta é óbvia, e é NÃO. Ao contrário, nos afogamos em medo e ressentimento a viver uma vida que é cheia de gula, consumo excessivo e preocupação.

Se é assim, a água refletirá isso também. Se os humanos não vivem juntos e não conduzem uma vida plena da energia de amor e gratidão a água se enojará mais e criará estragos neste planeta.

Para evitar tal tragédia horrível a vocês mesmos e para oferecer-se prontamente a ajudar todas as pessoas que estão maltratadas pela água atualmente existem várias coisas que podemos fazer. Entre elas são: enviar amor e gratidão para a água ao redor de você, pensar no que ela representa para a sua vida; dar-se conta de que você é água; sentir que a água não representa apenas seus pais, mas também seus irmãos e assim, tratar a água com muito mais respeito.
Vamos enviar nossas energias até a água do local mais próximo e para toda a água no mundo. Se pudermos enviar essa energia positiva ao universo, a fúria do dragão se acalmará em pouco tempo. Isso acontece porque acredito que o “m” na equação da energia de Einstein “E=mc2”, é o número da humanidade e “c” é a consciência.

“Água, te amamos”.

“Água, te agradecemos”.

“Água, te respeitamos”.

13.10.05

Terapia Reichiana



Esta eu recebi por e-mail.

(Frases retiradas de revistas femininas das décadas de 50 e 60):

  • Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto, sem questioná-lo. (Revista Claudia, 1962)

  • A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa. (Jornal das Moças, 1965)

  • A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas. (Jornal das Moças, 1959)

  • Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cairem cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa. (Jornal das Moças, 1957)

  • Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas. (Jornal das Moças,1957)

  • O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira o matrimônio. ELE équem decide - sempre! (Revista Querida, 1953)

  • Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite espere-o linda, cheirosa e dócil. (Jornal das Moças, 1958)

  • É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido. (Jornal das Moças, 1957)

  • O lugar da mulher é o lar. (Revista Querida, 1955)

4.10.05

Iauoti Kaua



Certo dia eu sonhei que o que as pessoas chamam de céu era um pomar de jabuticabeiras onde habitavam Deus e os anjos. Nunca mais senti inveja de quem tinha os olhos azuis.

Lembrei-me desse sonho na semana passada, aproveitando o pomar.

Enfim, mais uma safra que se cumpre deliciosamente, com direito a fogueira no quintal, doces fins de semana e um recado da minha gatinha Jasmim que ronrona e pisa meu teclado enquanto eu tento escrever:

"ojhi777777777777co9fg ~bvvv8".

Traduzindo: "esta vida é tão doce quanto as jabuticabas".

É um barato aprender certas coisas com a vida e gatinhos que nos acham perdidos por aí.

(Explicando o título do post, Jabuticaba - Palavra da língua dos índios tupi: "iauoti Kaua" ou fruto de que se alimenta o jabuti).

22.9.05

A Primavera de Jasmim



Miau...

Há algum tempo eu desejava ter um bichinho de estimação que me fizesse companhia aqui no estúdio. Pensei em adotar um cãozinho, fiz cadastro em um site de adoção de gatos, ficava namorando pedigrees nas páginas dos classificados. Mas nada que se compare a hoje, o dia em que conheci Jasmim.
Jasmim cabe tranquilamente dentro de um copo de requeijão - não que eu tenha realizado a proeza que você pode estar pensando.
Encontramos a gatinha berrando num terreno ao lado do local onde eu trabalho. Ela provavelmente tenha nascido há 10 dias. Estava com os olhinhos colados, remelentos, o que nos causou a impressão de ela era cega, mas o gemido dela era tão estridente e a fragilidade era tanta que não resistimos - resolvemos cuidar da coitadinha.
Como eu tinha a tarde toda de trabalho pela frente, não pude levá-la imediatamente ao veterinário, para me certificar do que estava se passando com ela, que ficou miando aqui no meu estúdio a tarde toda, para o desespero geral da nação e curiosidade das crianças. Jasmim sentia fome e saudade de tudo o que seus olhinhos ainda não viram, mas seu pêlo branquinho podia sentir.
Eu tinha dúvida se queria deixá-la numa clínica veterinária aqui perto para adoção. Tavez ela estivesse muito doente e daria um trabalhão cuidar dela, que poderia estar cega, precisar de maiores cuidados, remédios, atenção e como não poderia deixar de ser, deixar meu bolso vazio.
Mas resolvi pagar uma consulta para a coitadinha, que, aos cuidados do veterinário, arregalou seus olhos azuis e permitiu-nos constatar que sofria de hipotermia e conjuntivite. Comeu muito e tirou a barriguinha da miséria. Viva o Whiskas.
Agora estou aqui, escrevendo sobre Jasmim que está coberta em mil retalhinhos de feltro, de banho de gato tomado, laço vermelho no pescoço e olhos azuis, enquanto lá fora uma tempestade de chuva, poeira e vento se aproxima, me dando a certeza de que salvamos uma vida.

Por que Jasmim?
Homenagem ao seu miado e à sua vida que foi salva no dia da Primavera.
De tão fraquinha que a pobrezinha estava até agora há pouco, não tinha forças pra dizer miau.
Mim...
E o que poderia ter acabado em "Aqui jaz Mim", acabou-se em Jasmim, nossa mais nova e linda companheira. :)

16.9.05

Assim eu vejo a vida



Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições, lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo.
Aprendi a viver.

Cora Coralina

22.8.05

Soneto




Para Águas Claras

Clareza alguma vejo em tuas águas
Vertidas sobre as ruas de um canteiro
Mais claras são de tristes minhas mágoas
Lembram-me o estio em fins de fevereiro

Águas Claras, te desnudo entanto
Pois que jamais de ti seria gestante
Cega, maldita em poeira, asfalto e espanto
A ladrilhar-te em vis falsos brilhantes.

Não vejo a Lua entre teus edifícios
O sol se enconde às sombras colossais
Câmeras, grades, teus portões, meus gritos,
Dão-me a certeza de que a vida é mais.

Eu tenho pernas, Águas Claras, duas
Eu sou maldita, artista, poeta e flor
Eu sou pequena e quero estar na terra

Pretensa és tu que elevas, perpetuas
Concretas férreas ruas sem amor
Na humanidade que esta vida encerra.



29.7.05

Medo?



Nosso medo mais profundo
não é o de sermos inadequados.
Nosso medo mais profundo
é de que somos poderoso além de qualquer medida.

É a nosa luz, não as nossas trevas,
o que mais nos apavora.

Você se pergunta:
Quem sou eu para ser brilhante,
maravilhoso, talentoso e fabuloso?

Na realidade, quem é você para não ser?

Você é filho do Universo.
Você se fazer de pequeno não ajuda o mundo.

Não há iluminação em se encolher,
para que os outros não se sintam inseguros
quando estão perto de você.

Nascemos para manifestar
a glória do Universo que está dentro de nós.

Não está apenas em um de nós: está em todos nós.

E conforme deixamos nossa própria luz brilhar,
inconscientemente damos às outras pessoas
permissão para fazerem o mesmo.

E conforme nos libertamos do nosso medo,
nossa presença automaticamente libera os outros.

22.7.05

Hora do descanso

Lua cheia para os leoninos. Lindona no céu lá fora. Hora de pentear a juba. Eu crio luminárias de papel e no descanso escrevo coisas. Por que meus descansos são mentais? Daqui a mais ou menos duas semanas estarei com um quarto de século. As abelhas! Sim, as abelhas, preciso pensar nas mil abelhas. Dois mil reais, no mínimo. Identidade. Ô foto, viu. Preciso renovar a carteira de motorista. Putz, amanhã é sábado, não vai dar. Não vai dar o caralho. Bom, o caralho com certeza não. Sacar o FGTS. Hein? Eu quero a minha mãe. As luminárias vão pegar fogo. Quem vem na minha festa? Vai ter festa? Esta? Quarenta. Exatamente quarenta dias. Vou fazer uma dieta. Estou me sentindo gorda por dentro. St Jon´s, eu já sim. Anorexia nada. Já fui gorda por fora também. 63. Hein? Filhos pra que? Cale a boca. Core energetics. E o livro do Dimas? Deixa eu terminar de ler. Vai ter palestra dia 6. Vida bovina! Amanhã eu vou sair sozínha. Vamos ver no e-mail. Change time and date. Não, para isso não. Eu preciso, eu pre-ci-so disso. De novo? Aí não... Vamos fazer um desenho. Deixa se virar. Saudade de tudo. Mentira. Saudade não. Vamos embora. Isso! Yoga no frio é chato. Chão gelado. Jump! Jump! Odeio banho frio. Ósculos e amplexos têm mais a ver. Zefa, quem morreu? E na semana que vem, como será? Preciso arrecadar o bastante. Frescura nada... E agora, José? Tudo sob controle. Minha frase preferida nos filmes de ação. Mas o cérebro das pessoas tá tirando férias. Apartamento não, odeio morar em apartamento. Despacha no dia 25. Liga pra lá agora. A letra está pequena demais? No meu computador está muuuito grande. Um vírus baixou aqui. Só pode.

Cale a boca, Regi. Cale os dedos. Deixe a vida ir acontecendo, ora bolas. Pelo menos nos próximos cinco anos.

2.7.05

Eva sem umbigo?


Eva sem umbigo. Francisco Brennand.

Uma questão deve afligir aos leitores mais curiosos: se Eva foi feita da costela de Adão, certamente não foi gerada em nenhum útero materno. Assim, com certeza não houve placenta. Se não houve placenta, também não houve cordão umbilical. Se não existiu cordão umbilical, não poderia haver umbigo. Portanto, as Evas pintadas e esculpidas por artistas diversos no mundo contêm um erro anatômico. Possivelmente, a única Eva retratada corretamente do ponto de vista anatômico, ou seja, sem umbigo, é brasileira; mais precisamente, a Eva perfeita é pernambucana e encontra-se exposta no ateliê do artista plástico Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, nascido em 1927.
Fonte: Admirável Mundo Médico - A Arte na História da Medicina, de Armando Bezerra.

21.6.05

A Língua das Mariposas


A Língua das Mariposas, de José Luis Cuerda.

Um dos mais belos filmes que eu já vi.
De uma simplicidade e sensibilidade impressionantes.
Simples e exato. Atemporal.
Assista.

Gênero: Drama
Origem/Ano: Espanha/1999
Duração: 96 min
Direção: José Luís Cuerda

2.6.05

Anápolis a nápoles




O carro da Cinderela aquela tarde era só os pedaços
Há vinte anos passava da meia noite
e fulana ali, juntando os cacos
lembrando o dia em que um velho lhe trouxe balas
-Um estranho, dizia a razão de casa.
-Delícia – diziam os olhos de coruja.
Devorou o doce daquelas balas de menta.
Transgrediu pela primeira vez
e aquele foi o baile de sua Cinderela: um pecado de açúcar.
Agora, ao dirigir uma velha fantasia de brinquedo,
lodo, ferrugem e espelhos eternos
refletem uma mulher de substâncias corrosivas com seus doces mistérios
juntando cacos de segredos que tinha, quietinha
com vida e os velhinhos de parque.




30.5.05

As Tangerinas e o Cinema Nacional



Hoje eu estava pensando em escrever sobre um filme que vi recentemente: “Contra Todos”. Discursaria aqui sobre a minha relação com o cinema nacional. Mas ando tão decepcionada com tamanha falta de criatividade cinematográfica e tamanho gosto pela desgraça que resolvi falar de um assunto mais digamos assim, simples e “A Favor de Todos”: tangerinas. Também um produto tipicamente nacional, afinal de contas. E um dos motivos que me fazem a-m-a-r esta época do ano (outono-inverno ou simplesmente seca).

Convenhamos: nos finais de semana de outono - inverno nada melhor que curtir o friozinho com uma caneca de chocolate, pipoca, cobertor, ficar em casa vendo filmes (ah, os bons filmes!), usar cachecóis de lã à noite na beira da fogueira e durante o dia curtir um pomar repleto de tangerinas (ou mexericas, para os íntimos).

O nome mexerica vem do verbo mexericar, que por sua vez vem de mexer. Sabem por quê? Porque fica difícil esconder que a gente comeu mexerica. Mexericar vem de denunciar que alguém está comendo alguma tangerina por aí, por causa do cheiro maravilhoso que ela exala no ar.

As tangerinas são frutas simpáticas e deliciosas. Representam fertilidade e abundância. Já reparou? Quando comemos uma tangerina sempre queremos dividi-la com alguém, repartindo seus gomos alaranjados em forma de sorrisos, cada qual portando em si sementes que geram novas frutas, desejando ao outro, ainda que inconscientemente, nutrição, renovação da vida, energia solar, criatividade, saúde, amizade, prosperidade e abundância.

São frutas belas, além de inspiradoras e vitaminadas. Todas as variedades apresentam um bom teor de Vitamina C e Vitaminas do Complexo B, além de Beta caroteno (provitamina A) e Fibras. Engraçado como nós, brasileiros chiquérrimos, preferimos saborear na época do frio receitas cheias de nozes, amêndoas, damascos, avelãs importadas e esquecemos a importância fundamental de nossas frutas da estação.

A tangerina ajuda no tratamento de gripes e resfriados, muito comuns nessa época do ano, hipertensão arterial e prisões de ventre. Por ser rica em potássio, é também indicada àqueles que praticam atividades físicas regulares. 100 gramas de tangerina fornecem, em média, 43 calorias, apenas.

Portanto, que esta safra seja muito inspiradora para todos nós. Ao contrário do que nos tem sido a safra do cinema, outro produto nacional que parece querer nos enfiar na cabeça o tempo todo a maldita idéia do quanto somos insensatos, corruptos, promíscuos, violentos, desdentados, idiotas e cheiradores de pó, apesar dessa comparação parecer um tanto quanto nonsense à primeira vista.

Sou mais o Darth Vader e as mexericas do irmão Cláudio.

25.5.05

Escuta, Zé Ninguém

Comecei recentemente um trabalho de core energética (psicoterapia corporal) muito interessante que me motivou a ler alguns escritos de John e Eva Pierrakos, Alexander Lowen e Wilhelm Reich, por uma curiosidade fissurante no assunto que me deu de repente. Após uma pesquisa na internet, comecei a ler o livro "Escuta, Zé Ninguém", de Reich.


Reich no Orgone Institute, New York.

Reich foi o pai da psicoterapia corporal. Nasceu em 24 de março de 1897, na Galícia. Foi uma figura muito à frente de seu tempo, personificando um exemplo de inspiração para todos nós que estamos hoje comprometidos com nossa própria evolução nos planos físico, emocional, mental e espiritual. Médico e estudioso dos efeitos das emoções e seus bloqueios sobre o corpo físico, questionou toda a Teoria da Psicanálise, foi expulso do círculo de estudos psicanalíticos de Viena, expulso do partido comunista, considerado louco e preso diversas vezes por suas idéias revolucionárias que apontavam a repressão da consciência, da auto-expressão e o controle social da sexualidade como "pestes emocionais da humanidade". Reich morreu estigmatizado, preso e doente em uma penitenciária da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Escreveu dentre outras obras o livro "Escuta, Zé Ninguém" como um desabafo que guardou em seus arquivos (só sendo editado anos depois de sua morte) e como forma de protesto silencioso às entidades governamentais de "saúde pública" norte-americanas que atacaram seu trabalho de estudo e investigação "ameaçadoras" em seu Orgone Institute, em 1947.

Escuta, Zé Ninguém é um livro surpreendente. Impossível ficar imune à tomada de consciência que ele nos propõe. Uma das leituras que ficam para marcar minha juventude e minhas descobertas acerca do mundo e de mim mesma. Recomendo a você, jovem, artista, zen, punk, hippie, gótico, revolucionário, meigo, homem comum, religioso, político, anarquista, quieto, na sua, amigo, inimigo, ousado, enfim, recomendo a você, homem ou mulher comum, zé ninguéns como eu, como a genialidade louca de Wilhelm Reich.

Para colar esta obra no seu Word ou fazer o download da mesma em pdf, clique
aqui. São apenas 68 páginas. Dá pra ler aí sentado na frente do computador, Zé Ninguém. Leia isto, Zé ninguém. Por Deus, Tutatis, Jesus Cristo e Orgone. Mas sobretudo, leia por você mesmo e tire suas próprias conclusões a respeito da vida e suas heranças.

Escuta, Zé Ninguém! Tá aí uma boa leitura para o Corpus Christi. =]